Grito Número Quarenta e Cinco:

domingo, 26 de setembro de 2010

Sobre Galhos e Folhas...

Passei horas caminhando numa alameda estranha às ruas habituais de meus passeios.
Vi folhas outonais entupindo as bocas de lobo.
O cheiro de esgoto era odioso, mas a imagem das folhas úmidas era linda.

Me tocou profundamente.

Eu me senti como a boca de lobo. Cheia de sede, com a água passando tão perto, e, por fim, as folhas me tirando a função, me tirando o destino do colo, que era somente beber toda a chuva que acabaria por me procurar.


Como de praxe, fui tentar observar ao menos uma estrela, que o céu carregado me priva todas as noites em que preciso. Mas ao erguer meus olhos vi apenas a arvore que acompanhava o outono por detrás de uma lua tímida.
Os galhos das árvores me lembraram veias do antigo poster do sistema circulatório de minha primeira escola.

"Eles parecem tão mortos, mas o que faz deles vivos, é a seiva que flui com veêmencia por dentro deles", pensei comigo.
E de certo modo, acabei remetendo a mim mesmo, mais uma vez.

3 comentários:

Dona Filomena disse...

também me senti boca de lobo...
ela estava entupida
então forcei um cuspe imundo e manifestei minha raiva. Em grito e palavras...

Dan Arsky Lombardi disse...

Por isso que digo, "nada que uma boa cuspida não resolva".

Bruna Barievillo disse...

pq esgoto e folhas coexistem, até eles em harmonia finita.
Bom texto.