SOBRE IRMOS TODOS CIRANDAR
Todo os dias, depois de alguns minutos no metrô, me sento em uma cadeira no curso e começo a estudar. E me transformo em físico, em químico e biólogo. Sou gramático, matemático e até quiroprático, quando massageio minhas próprias costas, no momento em que a posição de leituras e cálculos começa a incomodar a nuca.
Quando me canso dos polígrafos, canetas e equações e preciso tomar um trago de ar, olho a decoração nas paredes daquela sala de estudos. Parte são tabelas periódicas dos elementos e mapas-mundi, porém, próximo a estes existem algumas reproduções de obras de arte, e bem ao lado de "Violino e Guitarra", do cubista espanhol Picasso existe a obra que mais me chama a atenção naquela saleta. Como sou entusiasta e amante das artes, ao olhar para a pintura já me recordei de seu título e de seu autor: "A Dança" de Henri Matisse.
Desde então, sempre finjo que aquele quadro seja uma pequetita janela em que posso fitar o mundo exterior. E pensei, desde a primeira vez que vi aquela janela falsa, que por trás destes ossos cansados que estão lutando para se mover, existe uma esperança maior, pois lá fora o céu sempre estará azul de tinta fresca e as gramíneas verdes como a tal "esperança maior" que acabo de citar.
E por fim, mesmo desnudo e descalço haverá motivo para se dançar ciranda.
2 comentários:
Ando tão sem tempo, li todos os textos que você postou enquanto estive longe.
Está para nascer um texto seu que eu não goste. E arrisco-me a dizer que não nascerá. De fato, adorei esse.
P.S: Estava massageando as minhas costas quando li sobre isso, estou me sentindo observada, hahaha
gostei da metafora da janela
para o mundo exterior, a arte como libertação desse bando de matérias inúteis [e sabemos bem o quão inúteis serão].
mas acho seu eu-lírico mt velho
ou mt mais velho q o necessário. Lembre-se que velhos não dançam, se arrastam e vc ainda dança.
Bruna Barievillo
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