Grito Número Quarenta e Oito:

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sobre Plenitude Esmagada...


Eu me lembro que um dia foi vaso caro. E que uma chuva de concreto esmigalhou tudo.
Os desenhos que se enrolavam na porcelana se tornaram mosaico de nada.

Dadaísmo puro.

Pedaço de lixo com pedaço de verso sem sentido.
Desenhos de patriarcas que não se aceitam.
Desenhos de seios que se aceitam, mas não se entendem.
E claro, fraternidade que não se importa.
Mas estão aí pelo chão.

Como cacos.

Que cortam, que machucam a todo e qualquer movimento do meu corpo fraco.
Que ferem e marcam todo pensamento meu.
Que destróem o ego, que fodem com tudo.
Que se afogam em copos de rum com gelo.
Que geram convicções em individualismo.
Que geram descrença em plenitude.
Que furam canoas e me fazem usar a de Caronte.
E se não quero carona infernal me queimo indo à nado.
E quando bate a ira em minha porta.
Vem mais chuva de cacos, para provar que dá pra esmagar tudo ainda mais.
Até que sobre só poeira do que um dia foi um vaso caro.
Que se ostentava numa sala em que ninguém podia entrar.

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