Grito Número Cento e Sessenta:

sexta-feira, 16 de março de 2012

DEIXAR DE VIVER


Gosto de vento nos lábios frios
Luz que ofusca a visão e voz que condena
Minha alma que te ama é a mesma que me envenena

Mundo de perfídia e escárnio paralelo
Com o pouco que construo, de labuta me flagelo
Com o suor enxugado pelos calos, acorrentado por liberdade
Tiro de mim o que mais incomoda de verdade

Sem mais olhos em olhares
Nenhum navio no porto
O dia em que deixei de amar
Foi o dia em que me encontrei morto.



   Foto: Dan Arsky

2 comentários:

Monique Burigo Marin disse...

Lembrei-me de quando eu era criança e colocava a cabeça pra fora da janela do carro, abria a boca o máximo que podia, esticava os lábios, esperava até que secassem. Depois aproveitava a sensação estranha. Naquele tempo, eu nem pensava em aquecer os lábios com outros.
Não importa o quão clichê isso soe, mas vida sem amor tem outro nome. Espero nunca conhecê-lo.

Andressa disse...

O bonito do texto é a forma com que o amor está desenhado. Aparece no final, numa frase apenas, antecedido por expressões tão incisivas, fazendo com que esse Amor brote no meio da lama e deseje gritar-se numa exclamação de vida e morte. Sem amor não existe navio, nem porto. (por mais que eu me sinta clichê falando isso.)