Porque caixa de fósforo me remete a fim de noite no botequim...
Recebi em minhas mãos há poucas semanas atrás uma cópia autografada de um livro infantil que havia ganho em uma promoção cultural. A obra era intitulada "Um Universo em Uma Caixa de Fósforos", de Alexandre Rampazo.
O livro não chegava a quarenta páginas, então pude desfrutar de toda a obra em um par de horas. As ilustrações davam asas aos meus suspiros de artista plástico frustrado, entre dragões de tinta e crianças sonhadoras construídas com giz de cera.
Mas o que mais me deixou enlevado e absorto em pensamentos foi a idéia cerne do livro, um garoto a colocar e guardar todas as coisas que ama em uma pequena caixa de fósforos. Lá havia montanhas-russas e doces, dragões e coisas incríveis para garotos dar causa ao intenso brilho nos olhos. E com esse enredo passei a me por na pele do garotinho. O que eu guardaria de bom em minha caixinha de fósforos somente para mim?
Certo que guardaria xícaras quentes de café e os bons filmes e livros que coleciono. Também haveria gatos, doces, tatuagens e concertos de punk rock. E o gramado de todo esse universo seria de marzipã com pedregulhos de pipoca. Como eu adoro pipoca!
Porém, quando a pequena arca de palitos inflamáveis foi se esgotando de espaço resolvi salvar as últimas lacunas para um pouco de espinhos, uma rua úmida, fria e triste, uma dose de conhaque e aqueles pingos de chuva que escorrem na janela.
Jamais seria um universo meu sem esses elementos, pois além de toda essa magia pueril certamente eu me guardo um pouquinho de dor, daquelas bem tristes, mas gostosas de sentir. Porque é mais saboroso sonhar com dias melhores, do que desfrutá-los sem conhecer o que é um dissabor dos mais amargos, não é?
2 comentários:
Parabéns pelo grito número 100!!!! continue assim e que venha o 200!!!
Saudades rapaz! um dia nos re-encontramos.. tudo de bom!!
Alex Avancini
Esse grito além de ser lindo é filosófico!!!
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