Eu achei que eu chegaria ao grito número oitocentos aqui sem cantar.
Que não colocaria nenhuma letra das minhas músicas por aqui; visto que são menos poéticas e líricas que o exposto por aqui, e ainda mais sujas, agressivas e de uma parte de mim que se volta a outro movimento, o musical. Porém (sempre o maldito porém) eu creio que essa composição beira a poesia e o lirismo, um lirismo vil e venenoso, mas ainda sim lírico.
TEMPLO RUÍDO
Implodido o zigurate
Não reina aqui mais tua dominação
Findou-se a luta
Ergueu-se a bandeira preta
APÁTRIDA!
O divino em combate
Em contraparte à razão
Sobraram restos de imagens
Despedaçadas ao chão
Derrubou-se mais outra cruz EM CHAMAS! CRUZ EM CHAMAS!
IMPLODAM!
EXPLODAM!
TRITUREM O ZIGURATE!
Da força hercúlea que segurava as correntes
Sobrou somente a labuta
O caráter das déias
Idem aos de puta
Violentada por quem lhe fez oferendas por toda eternidade
Está em chamas o Templo que acorrenta a Cidade.
Malaquias está morto, não há reforma posterior
O inferno está pronto e trata-se da terra
As chamas ardentes estampam a dor
Que está no leito de quem hoje diz que erra
IMPLODAM!
EXPLODAM!
TRITUREM O ZIGURATE!
O fim dos dias está adiado
Foi ditado pelos homens
Que zombam do Diabo
E de costas ao Papa
Escrevem novos livros
à imagem e semelhança de Zapata
Um Zumbi qualquer dos Palmares queimou um frade
Que profanou o panteísmo
Bento XV queimou panteístas
Que profanaram sua verdade
E então todos os homens queimaram o que tornava podre
Toda a humanidade
IMPLODAM!
EXPLODAM!
TRITUREM O ZIGURATE!
POIS ESTE POVO ENSANGUENTADO
DISSO NÃO FARÁ MAIS PARTE
Grito Número Vinte e Nove:
Postado por Dan Arsky Lombardi às 09:53 4 comentários
Grito Número Vinte e Oito:
Artista Suicida
Pensou e logo deixou de existir. Descartés errou feio para a moça.
Não adiantou correr da ânsia de produzir arte.
Fazia mal, era a todo momento. Sempre em rabiscos mostrar a ânsia de viver. Rabiscos do mal, a agonia saía do peito e ia ao papel, mas dos olhos ao peito voltavam.
Foi tiro e queda, literalmente.
Um suspiro, um estalo, um esguicho.
Não houve mais música, mais filmes, mais arte.
Mas os miolos no chão formaram mosaicos bonitos.
Postado por Dan Arsky Lombardi às 14:22 2 comentários
Grito Número Vinte e Sete:
Que sejam poucos, mas bons!
Às vezes passamos tempos e eras com algumas pessoas do nosso lado sem se dar conta do potencial que elas podem ter para nos surpreender. Eis que num dia qualquer, num dia comum a pequena brasa se torna labareda intensa no nosso peito, o bom dia eventual passa a ser necessidade diária.
Numa tristeza sem motivo qualquer que apareça, ele estará lá para jogar cartas e dizer palavras de baixo calão num tom engraçado, só pra te fazer rir ou aquecer a neve fria que se apossou do coração por um instante.
Como se retribui um laço formado tão espontâneamente? Como se agradece pela amizade cotidiana? Como pessoas de interesses tão difusos sentam juntas a mesa para beber e rir com todas as forças?
Já não busco mais respostas para estas perguntas, nem me importo em saber se existe resposta correta ou errada. Só sei que é bom estar aqui, e sei também que não importa como, onde ou quando... sei que você estará lá...mesmo que numa marca.
Postado por Dan Arsky Lombardi às 21:07 3 comentários