Grito Número Cento e Oitenta:

terça-feira, 7 de agosto de 2012

SOBRE TENTAR AQUECER-SE NA TERRA DA GAROA

Percebo que a garoa escolhe meu rosto, as gotas escorrem pelos fios da barba e os óculos ficam embaçados.
Um frio tímido aparece e com os golpes de vento relapsos acentuam a umidade do corpo, fazendo o frio tomar o corpo.
Sigo caminhando na garoa mansa pelo vale do Anhangabaú, rodeado pelos edifícios que contam histórias e avisto o meu favorito, lá no topo do topo, como um rei que majestosamente observa e zela por seus súditos ao tempo que exibe garboso sua realeza.
Isso é meu, penso. E o lar é onde o coração está, concluí. 
E segui olhando e sorrindo rua acima até um lugar que eu pudesse tomar um café passado, posto naqueles copinhos americanos, servidos nos balcões de pedra, acima de onde penduram sacos de laranja.
Terminado o café, senti amornado o peito, mas, ainda que seja romantismo de minha parte, acredito que não foi o cafezinho do jeito que adoro que deixou tépido meu estado, e sim tudo a volta que aquecera meu coração com a magnitude que somente a Pauliceia injeta aos que se aventuram por seus becos e avenidas.

2 comentários:

Unknown disse...

Adoro como vc gosta de Sampa até mais que alguns paulistas.
Faz algum tempo, eu começei a escrever uma música sobre a nossa cidade maravilhosa, mas ainda não terminei, talvez você possa me ajudar. Começa assim:

Com nome de santo, movida a petróleo e em pleno caos.
Ela não precisa e nem nunca quis ser cartão postal..

Tem mais, depois te mando.

Monique Burigo Marin disse...

Tuas palavras têm as cores do teu desenho, e vice-versa.