Grito Número Cento e Cinquenta e Três:

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Personagens da História da História de uma História 
(ou A Menina Que Gostava de Sangue)


De lápis apontado em seu caderninho de notas, a garotinha sardenta e de cabelos ruivos começou a traçar um conto impróprio:

"Um filete de sangue escorre pelo peito e tem como nascente a garganta do violador. Um corte pequeno e não-letal.
 -Por favor, não faça isso! - disse o homem amarrado.
-Cale-se. - disse a moça enquanto amolava a faca.
-Pelo amor de Deus, eu imploro.
-Deus não vai te ajudar agora, amigão.
A lâmina entra dois centimetros pelo umbigo e desenha um sinuoso e vermelho caminho. 
Ecoavam ganidos. Era clara a dor. Vômito pelo chão. Ataque convulsivo e histeria.
E eu, sentada, ria sem parar da dor que ele sentia."

Já estava tudo isso escrito no papel e a menina sonhadora esperava ansiosa ou pela oportunidade de publicar suas linhas sangrentas, ou pelo dia que realmente isso pudesse acontecer. 
Seu sonho não era ser escritora, era ser personagem.
E um dia, um cara de óculos e barba que queria ser escritor escreveu um texto chamado "A Menina Que Gostava de Sangue" e a ruivinha virou personagem.
Mas quando escreveu o texto, o barbado se colocou na história e virou personagem com a sardenta. 
E todo mundo quando leu esse texto virou personagem também.
E essa é a história da história dos personagens dessa história sem sentido algum.

3 comentários:

Mateus Cordoba disse...

Uxa, é só eu me afastar um pouquinho e... pronto, grito cento e cinquenta e três!!!

Foi tu que fez a imagem que ilustra o post? Olha, embora você resuma o texto a sem sentido algum, eu gostei bastante. Daria uma boa história de drama/terror. Você deveria investir neste tipo de coisa, em livros!! Certamente você tem cultura suficiente para apresentar algo "gostável". Eu sempre me surpreendo quando entro no blog, e isto evidencia-se pela forma com que me expresso nos comentários.

Ah, lembra daquele papo de tentar me integrar mais na literatura local e tal... Não deu. Recentemente fui à Saraiva e enchi meus braços de estrangeiros. Mas ainda há uma esperança: gosto muito de Mário Quintana!!!

Até mais.

Monique Burigo Marin disse...

Você e a sua capacidade de inflar meu dia com um sentimento bom e difícil de descrever.
Não tenho certeza de que entendi a menção secreta. Gostei e me identifiquei com a história, mas isso não é novidade. Essa minha mania de escrever fora de hora, um dia me causará problemas.
Desejo ser aquilo que invento quase na mesma medida que temo ser atendida. Não tenho talento e nem vocação para o perigo, mas sou teimosa e insisto.

Unknown disse...

Texto curto, mas longo o suficiente para me deixar curiosa com o fim.
Metalinguagem RULES.!
hahaha

E só pra combinar, foi falar do meu comentário dentro do meu comentário enquanto estou comentando.

beeijo