Grito Número Cento e Trinta e Quatro:

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

SONHOS DE QUASÍMODO

Funesto, bestificado
Carne crua, mal amado
Cigana nua, ele amordaçado
Estranho amor, estranho amor...

Triste, puro,
Deformado.
Bela e cruel,
Fazendo seu papel.
Quanta dor, quanta dor!

Pelas torres se esgueirando
As gárgulas se faziam irônicas
As carolas tão atônitas
A gritar, a gozar

Deixou o cancro tomar-lhe o corpo
Sua doença foi tomar a luz ofuscada pelos vitrais
O sineiro fez sua vez

Victor, o que você criou?
Com suas badaladas mortais,
Mais uma gárgula para as catedrais!
A sabatina começou!

Sabatina nas catedrais!
Serpentina nos carnavais!
E o pobre cheirando os restos mortais
Daquela que nunca o amou...

Sobrou martírio nas ossadas
A última tentativa do jamais-amado
Resquício das covas entrelaçadas
Dois esqueletos, um esguio e um deformado

O leito rochoso lhe deu a maldita paz!
Surdo, coxo, infeliz
É hora da última badalada

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