Um Presente de Natal
A neve recobria a janela pela milésima vez
Eu olhava as famílias vizinhas pela milésima vez
Eu não sentia nada, além de uma profunda agonia, acreditem, pela milésima vez
As bolas de vidro se quebram na minha imaginação
Enquanto a agonia arranjava um disfarce
De papel estampado e laço em fita de cetim
Abraços, sorrisos hipócritas, sem despertar qualquer indício de paixão
O limite entre a felicidade e a agonia é apenas uma tímida prece
E decepei minhas mãos e ouvidos para que não orem por mim
Um pinheiro morto pela milésima vez
Um enfeite quebrado pela milésima vez
Eu não sentia nada, além de uma profunda agonia, acreditem, pela milésima vez
O homem que te apunhalou está presente para te abraçar e pedir perdão
Para que no dia seguinte de novo te mate
Mal sabem todos que morto estou numa cova sem fim
Com fitas vermelhas e estrelas douradas
Aqui posto minha cova lapidada
Estes sorrisos e alegria pós doze baladas
Não significam nada para mim
Os talheres de prata, pela milésima vez
A faca de ouro para o pernil do pobre porco, pela milésima vez
O meu sangue na mesa, no piso, na árvore, na neve
A sensação só minha de agonia que ninguém nunca teve
E que agora palpita no coração de todos vocês
Pela primeira e última vez.
Grito Número Quatro:
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Postado por Dan Arsky Lombardi às 09:00
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 comentários:
Esse tipo de coisa só acontece por conta do egocentrismo que as pessoas insistem em cultivar.
Postar um comentário