Grito Número Cento e Cinquenta e Sete:

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

GUERRA E PAZ

Guerra e Paz (1952-1955) - Cândido Portinari - Sede da ONU, New York - USA

PAZ

O trabalho
A criança
A foice suada
A balança
E o cavalo na dança
Marcha com confiança
De que escuta uma canção
O povo lindo
Pintado sorrindo.

GUERRA

Enquanto de outras fronteiras
Mulheres, crianças, aldeias
Aos gritos, aflitos
A armadura, vergonha
A tortura, tamanha
E na cova-de-lobo os restos em espetos
Enquanto as bocas dos lobos trucidam
Um povo cansado, esgotado
Afogado nas poças vermelho-carmim
Pintado arfando, orando, pedindo por fim.

2 comentários:

Andressa disse...

Por mais que o texto trate de ambos os painéis, confesso que reli "Guerra" mais de uma vez, principalmente o final. Quando terminei de ler (o texto como um todo), a primeira impressão que tive que é a única forma de escrever era separadamente "Paz" num canto, e "Guerra" no outro, só que observando melhor, fica claro que não, é muito amplo, a quantidade de leituras que uma pintura tão rica dá, são infinitas. O paradoxo visual transposto para as palavras, solidifica as diferentes (e muitas vezes, iguais) visões que temos dos painéis. Como se enquanto olhassemos, a imagem contasse a própria história. Adorei.

Monique Burigo Marin disse...

Você deu ritmo à coreografia que vejo pintada. Quem antes tapava os olhos, ficou curioso demais para continuar assim. Quem sabe, do outro lado, há alguma esperança?