"POR FAVOR", O MOLOTOV
Desde sempre me identifiquei com diversos elementos da contracultura: nas artes plásticas, na música e nas atitudes e no modo vanguardista de pensar. E de certo modo parte dessa gama ajudou na construção do meu caráter atual.
Uma das secções que mais aprecio e me idenfifico é o punk, não há como negar que isso faça parte de quem eu sou. Gosto de quase tudo que foi parido pelo punk: de hardcore, pós-punk, metalcore e de outros gêneros alternativos que tenham um salpico de tendência da moicanada do final da década de 70.
Sempre admirei a postura político e o modo escrachado e tosco de se expressar. O ato de cuspir (n)aquilo que é intragável na sociedade. E criticar os costumes, ridendo castigat mores, simplesmente fazendo diferente, com um alfinete na orelha e um cabelo espetado já se tinha o bastante para criticar o mundo e tentar mudá-lo.
"Mudar o mundo" sempre será bonito, mesmo no dia que o mundo dispense mudanças.
Mais de trinta anos passados do fatídico ano de 1977, depois do Ramones, do Clash, do Ratos de Porão, do Inocentes e de todas as outras "desgraceiras" terem gritado as palavras da desordem e da mudança. Hoje essas palavras musicadas em poucos acordes tornaram-se hinos para alguns, mas não surtem mais o mesmo efeito chocante de antes.
Hoje o baixo calão e o desdém imperam no cotidiano. Do esbarrão no trem ao táxi roubado de alguém que estava na frente, nas furadas de fila e no funk dos celulares.
Hoje em dia, valer-se da educação, da construção e defesa dos direitos dos sem voz é o novo "destruir e contestar", é a nova face da contracultura, visto que contracultura é o inverso do popular.
Dizer "muito obrigado" é um dos maiores protestos do século XXI, enquanto "por favor" é o novo molotov.
ATACAR!