Grito Número Duzentos e Seis:

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Tratamento Ludovico 

O cheiro podre do ralo
Me faz enlouquecer num momento qualquer
Quem pode ser batendo as onze e quinze?
Hipnose nas curvas de uma mulher

O cheiro das suas costas
Me adormece
Me adoece
Me faz querer parar
Por mil dias
Vale um verso
Para eu poder cantar

Não tenho pressa
Para fugir dos papéis da mesa
Um olhar qualquer me embaça
A vista, por mais que peça
Que não passe essa tristeza
Ela fica e você passa
Passa...

Tudo passa, vira cuspe
Um catarro
Tudo finge, é um palco
Onde está o embaraço?
Tudo é muco do pigarro
Só me resta um cigarro
e você me pede o maço...

Me queime as costas

Uma cinza, duas folhas
Um pedaço de papel
Pinga tinta, sobram bolhas
E endereços de bordel

Pegue a brasa
Me arrasa
Nem sobrou mais nada aqui
Além da sua insensatez
O relógio adiantado
Não estou mais atrasado
Me queime as costas
Me queime o rosto
Por favor, mais uma vez.

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