Grito Número Cento e Setenta e Nove:

segunda-feira, 30 de julho de 2012

GREVE DE FOME É PARA OS SEM APETITE


Estava bêbado e começaram seus devaneios potencializados pelo vermute. Seu olhar alçavam milhas e milhas além do balcão do bar.
Imaginou-se sentado em uma esquina, acorrentado a uma placa de trânsito. Fazia um protesto contra a devastação do planeta. Uma greve de fome.
E passavam por sua volta crianças em formas de coxinhas, padres das paróquias tinham formato de pastéis, mas ainda usavam batina. E quando lhe ofereciam de comer, ou mesmo um gole d'água, gritava: "PELO PLANETA, NÃO!"
Foi quando observava o céu escarlate do entardecer percebeu a presença dos piratas do espaço em discos voadores:

-Pilhem as árvores e os animais que restam! Não deixem sobreviventes!* (*traduzido da língua dos piratas jupterianos)

Como um aspirador de pó, tudo de vida foi sorvido pelas centenas de naves gigantescas, exceto pelos humanos.

-Descarregar bombas! - gritou o Capitão da nave-mãe.

Quando imaginou a explosão devastadora, caiu da banqueta e voltou a si.
Gritou ao balconista:

- Quero um pastel de palmito e dois croquetes daqueles recheados. E um torresmo. E um daqueles ovos cozidos azuis.

O amigo, mais zonzo pelos pedidos que pelos coquetéis perguntou:

-Tanto assim de uma vez só? Vai comer por todo mundo?

-Sim, pode ser que amanhã todos estejam mortos... ou, no mínimo, de barriga vazia. Além disso, eu só sei salvar o mundo de barriga cheia. - respondeu enquanto descascava a casca azul do ovo.

1 comentários:

Monique Burigo Marin disse...

Talvez o tradutor tenha confundido o planeta.