Grito Número Cento e Trinta e Dois:

terça-feira, 27 de setembro de 2011


TIGRES SEM DENTES NÃO ME BOTAM MAIS MEDO


Eu já fui um filhote de tigre.
E sempre que fui ronronando buscar o calor do colo tomava mordidas.
E fui perdendo parte dos pelos, ganhando cicatrizes.
Perdi a vista de um dos olhos, tomando patadas.
Acabei deixando de ser tigre, para ser algo mais manso e mais cruel ao mesmo tempo.
E eu nunca esqueci que sou tigre, mesmo devorando das flores e não dos cervos, mesmo não tendo me sobrado mais pelos de tigre, mesmo agora que minha vista de lince foi cegada com farpas.
Sou um tigre que dorme com os corvos que dizem "nunca mais", um tigre que se alimenta de flores do mal.
Um dia, mesmo cheio de cicatrizes e sabendo qual seria a reação, busquei o aconchego mais uma vez. O último suspiro da esperança tola e sonhadora.
E como se eu fosse uma presa, voou com seus dentes pontudos para cima de mim.
Sem pensar, instantaneamente, enfiei-lhe a pata na cara.
Caído ao chão, pisei na sua fuça meia dezena de vezes, até não sobrar nenhum dente em sua boca maldita e nervosa.
Depois desse dia, as mordidas deixaram de doer, e as farpas, como diriam meus amigos corvos, "nunca mais".




4 comentários:

Mateus Cordoba disse...

Não sei se chego a ser ignorante por isto, mas eu nunca tinha ouvido falar de "Nunca mais". Para ser realista, me ligo mais na literatura internacional, os quais posso citar C.S. Lewis, John Boyne, John Harding, Johns, Johns, Johns... Linda Park Sue, Stephenie Meyer (sim, ela mesma), Joanne Kathleen, Shakespeare... tá, parei!


Ainda bem que há este espaço, onde posso me "letrar" um pouco mais, porque me sinto um Lula da vida algumas vezes.

Já li muitos (poucos) textos de Fernando, mas este... Novidade. Gostei bastante! E não sei o porque de meu desinteresse precose para com alguns ícones da literatura brasileira.

Preciso ler mais Brasil. Gostei muito do post, despertou meu interesse.

Obrigado.

Mateus Cordoba disse...

Caro Dan,

Obrigado pelas informações. Sim, concluo que seja ignorância minha não saber nem mesmo que Fernando Pessoa é português. Então, digo que meu desinteresse é pela literatura portuguesa (da lingua portuguesa).

Sei muitíssimo pouco sobre Fernando Pessoa e companhia. E não tinha percebido que o texto havia sido escrito por outra pessoa. Sinceramente, ao clicar no link ao fim deste post, vi que estava escrito "Fernando Pessoa" e... puff, pensei que ele tivesse escrito. Mas, tenho minha justificativas: prova de ciências de hoje!! Ela me deixou aflito, me matei estudando a matéria. A prova foi fácil, mas acredito que penso isto porque estudei, claro. Por isto, ontem de noite eu estava lunático.

Ah, sim... Amy Winehouse. Tenho um pensamento completamente diferente do seu neste quesito, drogas. Quem se droga é doente. Ela tem parcela da culpa de sua doença sim, por ter dito "sim" às drogas, mas devemos observar isto como uma doença. Certamente ela queria sair desta. Dava para notar o amor que ela tinha para com a família, através de inúmeros vídeos particulares que acabaram públicos, pelos amigos, pelos fãs... Amy saia para comprar um lanche na rua e oferecia a seus fãs! Os elogiava, conversava... Ela era uma pessoa humilde, chego a esta conclusão. Uma pena que a droga destrua sentimentos, vidas... Ela era dócil, mas depois da doença, pirava, literalmente, quando estava sob efeito de drogas.

Pelas músicas que ela fazia, dá para ver que ela era uma pessoa que só queria compreensão, algo que muitas vezes não acontecia. É notável que ela tinha amor, veja algumas letras da moça! Penso que ficar doente não seja desrespeitoso. Amy não queria abandonar sua família (família, fãs, amigos...), e mesmo doente, continuou cantando, distribuindo sentimentos.

Obrigado,
Mateus.

Unknown disse...

Ahh então é ESSE o seu texto meio Dexter? Realmente..tem um pouco essa vibe, o que só o torna mais especial e forte.

Forte além da força física, assim como o Dexter.

Anônimo disse...

Sim, um pouco de Dexter. Um Dexter com algumas nuances de Poe, eu diria.

Mas tudo isso pode ser tudo coisa da minha cabeça.

bjo, bjo, bjo...
até.