Grito Número Noventa e Seis:

sábado, 14 de maio de 2011

ME POSSUA! ME POSSUA!

Meu corpo irradiava tensão, porque estava às escondidas; e isso adicionava um sabor extra à tentação. Era um anoitecer de sábado e eu estava com doze anos. Sim, eu sei, demasiadamente jovem para praticartal ato. A censura moralista dizia: dezesseis anos no mínimo, dezoito é o ideal.
Mas o barqueiro da jornada não pediu identidades ou nos barrou!

O início era tenso enquanto toda a trama se desenrolava, e após alguns minutos no escuro, eis que ela surgiu irreverente, violenta com sua camisola manchada. Achei visionário, maravilhoso e belo. Algo que meus pais ou qualquer moralista se indignaria.
Lá estava eu, estático qual imagem barroca observando um ato de onanismo feminino nada convencional e totalmente agressivo, clamava por divindades entre palavras de baixo calão, havia sangue manchando a camisola e os lençóis. Foi neste instante que perdi toda a minha inocência, me apaixonei pelo demônio entrelaçado na carne. Pela possessão mais carnal e maligna. E as cenas subseqüentes foram de camas voadoras, berros e cenários mistos de momentos apavorantes e excitantes.
Quando findou-se a ação concluí que estava a caminho de me tornar um homem, pois havia vencido meus medos e desenvolvido novas paixões nada ortodoxas.
E fui dormir no início da madrugada pensando que viriam muitas outras vezes mais que eu assistiria à "O Exorcista".

3 comentários:

luisa SQA disse...

Foi uma surpresa o desenlace. Pra ver o que acontece..sensações e lembranças tão perturbadoras e excitantes. Nada como uma boa sacudida. Gostei.

Monique Burigo Marin disse...

O que me preocupa não são as manchas de sangue, o que me preocupa é ouvir e não ouvir o grito número oitocentos.



...O que me preocupa é a sua ausência.

maurilio disse...

dan, poxa, nem sei como agradecer elogio tão sincero, me fez um bem incrível saber que gostou tanto assim. já tá nos meus favoritos o teu blog, lendo aos poucos, que o sr é bem produtivo hahaha aos poucos vou comentando minhas impressões, mas gostei muito do que vi até agora. té breve.