Grito Número Trinta e Oito:

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lá em Cima do Piano...

Qual a poesia que tintila em um copo de veneno senão bebê-lo e morrer?
Qual a poesia de estar acorrentado senão para romper os elos malditos que não te deixam voar.
Procurando saídas.
Ser visceral.
Não sei o que você se tornou, mas me encantou tudo aquilo que um dia você foi.
Eu andei precisando sentir o gosto do que um dia foi meu maior veneno. Eu andei pensando em procurar alguma coisa que me faça sentir. Só não sei o que.
Orei para que a neblina cobrisse meus milhões de cadáveres, mas era muito mais fácil ter fechado a porta do armário.
Carrego tudo que eu fui nas minhas vísceras e no meu sangue. Preciso de sanguessugas.
Meu coração pede para palpitar e não para estar em dúvidas.
Porra, eu sou algo que não existe mais.
Eu procurei alguém como você nas minhas palavras, nas minhas trilhas. E se passaram milênios para eu ver que certas coisas nunca mudam.
Certas coisas nunca mudam e eu não sei o que me espera.
Se é um tiro ou um beijo, eu só preciso escolher a arma.
Nos braços que você já esteve hoje estão papéis e canetas que escrevem besteiras.
Eu consegui destilar todo o veneno do peito e colocá-lo em um copo. Mas me diga...

...qual a poesia que tintila em um copo de veneno senão bebê-lo e morrer?

Talvez se bebê-lo eu possa dormir um pouco mais.

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