Grito Número Dezoito:

sábado, 12 de dezembro de 2009

A História de Turgel

Nasceu da luz jorrada da ponta do dedo de Deus, uma pequena criança com asas brancas. Sempre iluminado, defendia as crianças, os animais e os anciãos dos perigos das trevas.
Nunca quis ser maior que o Todo-Poderoso, o grande erro de Lúcifer, mas de certo modo, tem uma tragetória semelhante a do matuto Diabo. Em certas ocasiões, Turgel se encontrava com sentimentos humanos maravilhosos, que nenhum outro anjo da prole divina havia sentido. Como se sabe, os anjos não tem sentidos como tato, visão e paladar, eles enxergam, cheiram, veêm e sentem o mundo de uma forma única, através da bondade e amor. Aliás o que nutre e alimenta os anjos é puramente a bondade e o amor.
Os sentimentos nutriam Turgel, assim como os outros anjos, mas além de nutri-lo e revigorá-lo, o pequeno anjo conseguia sentí-los como um humano comum. E aqui que Turgel se tornou diferente dos outros anjos, pois começou a viver os sentimentos.
Se levou pelo amor, sorriu com a alegria, flutou com a paixão, se sentiu forte com a convicção.
Até que se encontrou no momento em que se depara com um fruto púrpura e diferente, de tudo que já vira e sentira em sua vida atemporal celeste. Um fruto que provou e adorou seu gosto, tinha gosto de "domingo de manhã" misto com "tudo que não se pode ter". Esse fruto não era o pecado de Adão, nem mesmo um dos sete crimes capitais.
Se sabe que o fruto tornou as asas de Turgel sarnentas e putrefantes. Sanguinolentas e asquerosas. Até o dia em que as perdeu, caídas ao chão. O fruto Transformou seu corpo em algo esquálido e triste. Tornou-se um homem qualquer.
Morreu de ódio, sentimento que adorou em seus minutos de humano.Seu pequeno coração não foi páreo para um sentimento tão estrondoso.
O já morto Turgel, no meio de um bosque qualquer, foi deteriorado pelo tempo e gerou árvores e árvores do fruto púrpura o qual havia ingerido por vontade própria e curiosidade, um fruto chamado razão.

2 comentários:

Leonardo Otero disse...

O fruto ofereceu ao resto dos mortais aquilo que o próprio Turgel não pôde experimentar sem que sofresse as devidas conseqüências. E assim o é até o momento.

Dan Arsky Lombardi disse...

O anjo que provou da razão se fez descrente da sua própria realidade.
A razão trouxe o desapego da magia e para muitos isso pode ser mágico. Irônico, não?