Grito Número Sete:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Este é um grito mudo de cunho pessoal; um grito de agradecimento a diversas pessoas. Um grito às pessoas que me fizeram ser o que sou hoje.
Algumas delas, são pessoas que sequer me conhecem, que simplesmente me sorriram na rua. Outras delas estão tatuadas na história da minhha vida, da forma mais profunda.
Adentrando nas ondas desse grito: quando somos jovens demais, sem preocupações, naquele início de adolescência, quase todos os dias um pouco do nosso caráter é moldado. Uma amizade, uma música, uma imagem, uma palavra, um pouco de sangue, uma gota de bebida, milhares de decepções são as mãos que esculpem o argila que se tornará barro rijo em breve.
Alguns momentos em peculiar me fazem ter absoluta certeza de que me botaram neste caminho, porém não irei citá-los.
Houve litros de lágrimas nestes momentos.
Indignação.
Resignação.
Sangue, ira, depressão.

E ainda uma centena de tentativas colossais de mudar o que já era intrínsseco em mim, por tudo tive sorte, foram tentativas falhas, pois a massa que moldou meu caráter era ácida demais para qualquer vagabunda ou filho da puta colocar a mão. Talvez uma ou duas cutucadas que reforçaram o curso natural das coisas, nada mais.
E o curso final está diante dos meus olhos nesse momento, o momento que eu pude escolher ser probo ou ser um grandissísimo filho da puta, com tudo e todos. Estava sentando num apartamento estranho, numa cidade assustadora assistindo meu filme favorito pela primeira vez. Parecia que o personagem me disse assim: "você é como eu, com a diferença de ter escolha."
Que momento grandioso, saí pelas ruas com a mente cheia de pensamentos e sabendo que aquele momento seria um dos mais importantes da minha vida:
chegara a hora de escolher entre ter a fala mansa com um trilhão de palavras ou ser quem eu sou hoje, um ensurdecedor grito mudo, no caminho certo.

Grito Número Seis:

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Estalo Ecoado:

Um resquício de segundo antes do balaço adentrar o crânio, o último suspiro pensante não se resumia a busca do som provocado pelo disparo e sim a anseio de sentir gosto de chumbo e pólvora e jamais pensar na velha justiça cega que há tempos vem sendo estuprada.

Grito Número Cinco:

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


"A perfídia é sílfide e suave."
Desenho feito em nanquim por mim em meados de 2005.

Grito Número Quatro:

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um Presente de Natal

A neve recobria a janela pela milésima vez
Eu olhava as famílias vizinhas pela milésima vez
Eu não sentia nada, além de uma profunda agonia, acreditem, pela milésima vez

As bolas de vidro se quebram na minha imaginação
Enquanto a agonia arranjava um disfarce
De papel estampado e laço em fita de cetim

Abraços, sorrisos hipócritas, sem despertar qualquer indício de paixão
O limite entre a felicidade e a agonia é apenas uma tímida prece
E decepei minhas mãos e ouvidos para que não orem por mim

Um pinheiro morto pela milésima vez
Um enfeite quebrado pela milésima vez
Eu não sentia nada, além de uma profunda agonia, acreditem, pela milésima vez

O homem que te apunhalou está presente para te abraçar e pedir perdão
Para que no dia seguinte de novo te mate
Mal sabem todos que morto estou numa cova sem fim

Com fitas vermelhas e estrelas douradas
Aqui posto minha cova lapidada
Estes sorrisos e alegria pós doze baladas
Não significam nada para mim

Os talheres de prata, pela milésima vez
A faca de ouro para o pernil do pobre porco, pela milésima vez
O meu sangue na mesa, no piso, na árvore, na neve
A sensação só minha de agonia que ninguém nunca teve
E que agora palpita no coração de todos vocês
Pela primeira e última vez.